4 Motivos pelos Quais se Torna tão Difícil Investir em Marcas no Brasil

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Marcas brasileiras

Investir em marcas no Brasil sempre foi difícil.

A filosofia buy and hold defende que devemos comprar e manter ações de boas empresas para que no longo prazo o investidor ganhe com o seu crescimento. Warren Buffett diz que “é melhor pagar um preço razoável por uma excelente empresa do que pagar um preço excelente por uma empresa razoável.” No Brasil, entretanto, nos deparamos com algumas situações em que se torna difícil comprar excelentes ações com marcas fortes, cito alguns motivos abaixo:

1) As ações brasileiras com marcas fortes estão geralmente supervalorizadas

Duas situações fazem com que o preço destas empresas sejam altos:

  • Supostamente melhor retorno financeiro: por serem as empresas mais conhecidas, o investidor acha que são as que trarão o melhor resultado financeiro. Nem sempre tal fato se concretiza, e muitas vezes o investidor não sabe que está pagando um valor alto pela empresa. Acha que ações são apenas números que sobem e descem aleatoriamente. E não relaciona o preço das ações com o preço da companhia como um todo.
  • Desconhecimento das empresas listadas na bolsa:  o investidor brsileiro não se dá o trabalho de pesquisar empresas para investir. Sempre ouvimos pessoas leigas falarem que as melhores para investir são Petrobrás e Vale, idéias que vão passando de geração para geração, e ninguém reflete sobre a veracidade de tal informação. Parece mais um mantra: “Investir…Petrobrás e Vale….Petrobrás e Vale…Investir….”. Quem começa a investir na bolsa geralmente não analisa nem o balanço das empresas,  muito menos irão pesquisar empresas desconhecidas e descobrir o que elas fazem para ganhar dinheiro! A maioria investe através de indicação de terceiros, que utilizam o “mantra Petrobrás e Vale” na maioria das vezes.

2) As marcas brasileiras não ficam na mão de brasileiros

Quantas marcas que nós conhecemos foram para as mãos dos “gringos”? Eu posso citar alguns exemplos de marcas brasileiras que foram vendidas para empresas de fora: Kolynos, Schincariol, Arisco, Elefante (extrato de tomate). Por temerem a concorrência com multinacionais, os donos de tais marcas são facilmente seduzidos à vender a sua empresa. Além disso, muitas vezes os donos também não conseguem enxergar o potencial da força de sua marca.

3) O despreparo do brasileiro para criar marcas e produtos inovadores

O brasileiro não é despreparado por ser de alguma forma inferior aos habitantes dos países desenvolvidos. O brasileiro é despreparado principalmente por causa de seus governantes. Tudo começa com um ensino de qualidade e dar exemplos corretos. Quantos canais de televisão ensinam sobre empreendedorismo e bolsa de valores? Quantos mostram violência e crimes? Quantos mostram mulheres semi-nuas e outras bobagens que não acrescentam em nada intelectualmente?

Os meios de comunicação não dão ao brasileiro aquilo que contribui para o desenvolvimento de uma nação. As instituições de ensino não incentivam a leitura. Veja as livrarias, por exemplo: o faturamento do mercado de livros brasileiros foi de R$5.3 bilhões de reais em 2013, enquanto o do mercado americano foi de US$27,01 bilhões (equivalente a aproximadamente R$67 bilhões de reais). A industria de livros da Alemanha fatura cerca de R$29 bilhões para um país de apenas 80 milhões de habitantes! Não falta material de qualidade. Falta pessoas interessadas em tais materiais. O papel de educar e mostrar os exemplos certos é principalmente do governo através do ensino de qualidade. Deve-se parar de inverter valores, premiando pessoas que dão exemplos errados.

4) A burocracia e a economia instável do nosso país contribui

Temos diversos casos de empresas brasileiras nacionalmente conhecidas que quebraram graças ao cenário econômico brasileiro. Podemos citar: Mesbla, Vasp, Varig, Mappin, Bamerindus, Arapuã, etc.

A burocracia enorme brasileira acarreta em enormes custos e morosidade. Mesmo aqueles que conseguem transpor barreiras como péssima educação no começo de vida e  concorrência com outras empresas, esbarra na concorrência com o próprio estado. O nosso país não é um país amigo dos empresários. Ele é mais uma grande barreira a ser superada.

Todos ouvimos histórias sobre os donos da AMBEV uma companhia que possui grandes marcas de bebidas. Mas os donos, apesar de serem investidores excelentes e terem diversas qualidades raras, criaram a sua fortuna fugindo do caminho que a imensa maioria dos brasileiros não tem oportunidade de escapar. Eles obtiveram a educação de excelente qualidade que poucos tem acesso e consequentemente puderam contar com a grande soma de dinheiro que fizeram no mercado financeiro (já comprando marcas renomadas em dificuldades financeiras). Não tem como negar que eles pegaram o caminho mais fácil do que criar uma marca própria do zero.

Resumindo

A falta de competitividade da indústria brasileira aliada a poucas empresas listadas na bolsa de valores faz com que nós investidores tenhamos poucas opções para investir quando se trata de marcas fortes.

Marcas fortes podem ser consideradas aquelas marcas com produtos únicos e diferenciados. Onde você dificilmente conseguiria competir começando do zero, mesmo que tivesse um capital equivalente ao da empresa dona da marca. (ex: Se eu te desse 200 bilhões você tomaria o lugar da Ambev? Criaria algumas marcas de cervejas suficientes para fazê-la sucumbir? Acredito que não.)

Resta a nós investidores três caminhos:

1) Ter paciência para esperar  situações específicas onde o preço da ação de uma excelente empresa cai se tornando razoável para investir.

2) Nos contentar a comprar “empresas razoáveis por um preço excelente”.

3) Investir na “próxima Google”. Ou seja, investir em uma empresa nova e/ou com grande potencial de crescimento para se tornar uma grande marca!

Fontes usadas para estatísticas:

http://www.publishnews.com.br/telas/colunas/detalhes.aspx?id=74007 http://blogs.estadao.com.br/link/editoras-dos-eua-ganham-mais-com-vendas-de-livros-online-e-e-books/

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