Peter Lynch: o problema de investir em empresas conhecidas!

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Invista no que conhece

 

Invista no que conhece

Peter Lynch, um lendário investidor e gestor do fundo Fidelity Magellan, o maior fundo de ações do mundo, tinha uma filosofia que foi amplamente adotada por investidores em todo o mundo. Ele dizia que o investidor sempre deve comprar o que conhece, sem fugir do seu círculo de competência. Lynch dizia que os investidores amadores tinham uma arma que os profissionais do mercado haviam esquecido de usar: “o poder do conhecimento comum”.

(Você pode ler um de seus exemplos sobre investir no que conhece neste outro post de nosso blog: https://www.buyandhold.com.br/atencao-pode-ter-um-bom-investimento-na-sua-frente/)

Se você descobrir um restaurante, um carro, uma pasta de dente ou jeans novo e excelente ou se você perceber que um estacionamento próximo a um centro comercial está sempre cheio, ou que as pessoas ainda estão trabalhando na matriz de uma companhia até altas horas, então você possui uma visão pessoal de uma ação que um analista ou gerente de carteira pode nunca a vir a ter. Como disse Lynch, “ao longo de uma vida comprando carros ou máquinas fotográficas, você desenvolve uma sensibilidade sobre o que é bom e o que é ruim, o que vende e o que não vende…e a parte importante é que você sabe isso antes dos investidores profissionais”.

A regra de Peter Lynch, e também de Warren Buffett, de investir no que você conhece não está errada e milhares de investidores se deram muito bem com ela. No entanto, esta regra só funciona se você complementá-la com: “Encontrar uma companhia promissora é o primeiro passo. O próximo é pesquisar tudo sobre ela e seus fundamentos”.Peter Lynch também concordava com esta “regra complementar” que não era tão amplamente divulgada quanto a primeira. Ele sempre declarava que examinar os seus fundamentos e balanços era essencial antes de investir. Mas muitos investidores ignoram esta parte…

O livro “O Investidor Inteligente” de Benjamin Graham cita alguns exemplos de pessoas que seguem apenas a primeira regra.

Barbra Streisand, cantora e atriz, personificou a forma como alguns abusam dos ensinamentos de Peter Lynch. Em 1999, ela contou, “vamos a Starbucks todos os dias, portanto compro ações da empresa”. Porém ela se esqueceu que não importa o quanto você adora café com leite desnatado, ainda é preciso analisar os balanços da Starbucks e certificar que as suas ações não estão muito mais caras que seu café.

Inúmeros compradores de ações cometeram o mesmo erro comprando ações da Amazon.com porque adoravam a sua página na internet, ou ao comprar ações de uma corretora de valores apenas porque eles tinham conta nela.

A perversão mais dolorosa ocorreu nos planos de aposentadoria corporativos. Se você deveria “comprar o que conhece”, então o que seria melhor que investir na empresa que você trabalha? Afinal, se você trabalha lá, provavelmente é a empresa que conhece melhor no mundo. Mas fale sobre isso com os empregados da Enron, e das empresas X do Eike Batista.

Psicólogos da Universidade de Carnegie Mellon documentaram um fato pertubador: tornar-se mais familiarizado com um assunto não significa reduzir a tendência das pessoas de exagerar o quanto elas realmente o conhecem. Essa é a razão porque  “investir naquilo que conhece” pode ser tão perigoso; quanto mais você conhece inicialmente, mais improvável será que investigue as fraquezas de uma ação. Essa forma perniciosa de excesso de confiança é chamada de “viés de casa” ou o hábito de apegar-se firmemente ao que já é familiar:

  • Investidores possuem três vezes mais ações na companhia telefônica local do que em todas as outras companhias telefônicos juntas;
  • Investidores aplicam 25% a 30% de suas economias de aposentadoria em ações da própria empresa em que trabalha

Em resumo, familiaridade gera acomodação. No noticiário de TV, é sempre o vizinho, melhor amigo ou o pai do criminoso que diz, com voz chocada “Mas ele era um cara tão legal”. Isso acontece porque sempre que estamos perto demais de alguém ou de algo, confiamos em nossas crenças, em vez de questioná-las, como fazemos quando confrontamos algo mais remoto. Quanto mais familiar é uma ação, mais provável será ela transformar um investidor em um preguiçoso que pensa não haver necessidade de fazer nenhum dever de casa. Não deixe que isso aconteça com você.

6 COMENTÁRIOS

    • Bom dia Carlos Henrique,

      Obrigado por acompanhar. Estava viajando e por isso o blog ficou desatualizado. Mas em breve teremos novos textos. Um grande abraço!

  1. Gostei muito do artigo, realmente é muito importante e saudável rever nossa maneira de agir frente nossos negócios ou qualquer atitude que tomamos. Abriu meus olhos a esta atitude quase automática.

    • Isso mesmo Isis, muitas vezes deixamos de analisar os detalhes das demonstrações financeiras trimestrais de empresas que já temos! Isso é um erro muito comum que eu já cometi.Continue comentando e lendo os nossos artigos! Muito obrigado! B&H.

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